A um ausente

Nestes tempos negros que a humanidade vem enfrentando é preciso enriquecer a alma e, com isso descobri um escrito de Carlos Drummond de Andrade, poeta gigante de nosso Brasil.

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade. Tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem se despedires foste embora...

Corri nos meus guardados e achei um texto incrivelmente semelhante de minha autoria! Imagine só...E, nesse tempo de ausências, cabe bem relê-lo!

Aquele olhar indivisível, impalpável, ausente no infinito, indecifrável...Quanto cabe num olhar?

Quanto há para falar sem conseguir ter o que dizer?

E, diante do olhar impassível,  impossível, direto e  profundo...sem nunca dizer...só olhar...Nunca mais! Depois de tanto que falamos, adivinhando o que ia no pensamento, falamos muito diferente do que queríamos...como poderíamos saber? Nunca mais...

Olhar de longe, querer mas não completar. Seria assim o Fim? O fim do visível, sensível, tocável, intocável, insensível, desapareceu...

Mas o ferimento reapareceu e nunca cicatriza porque foi sufocado ou não percebido, achando que, assim não iria doer...

Nunca, nem de longe pensar no inimaginável, senão não teria dado o troco naquela última e única vez que não tive o que te falar...pra nunca mais!

E agora, meu pensamento vaga...será que a teoria estava certa? Poderia ser outro o caminho? Nunca saberei...nunca mais! 

E eu, que sempre lembro do nosso riso, porquê fiquei com as lágrimas? 

Por que você se foi? Por que você voltou? Nunca fui saber e você não me contou... 

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